terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Boletim 17/12/13 Vanguarda Abolicionista

O agradecimento dos animais pelo Natal ou 'Hoje eu sou uma estrela'

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Artigo de Marcio de Almeida Bueno

Esqueça o oba-oba das lojas, os empurrões no trânsito e a expectativa de folga, bebida e comilança. Somente o olhar dos animais não humanos é verdadeiro, dentre o furacão que os engole com mais força, no final de cada ano. Os animais da pecuária encaram o fim de suas vidas – 'eles nasceram para isso' – enquanto contemplam o traseiro de um clone seu, nos bretes e corredores de concreto que antecedem a mesa farta preparada com tanto esmero pelas famílias de bom coração.

O olhar de quem não sabe chorar, já que a reza na hora do desespero é exclusividade na lista da racionalidade – essa qualidade que separa a humanidade das bestas-feras. O olhar de quem viu o filhote ser puxado para longe de si pelos funcionários da fazenda, esse lugar bucólico onde os animais são tratados como reis, já que optaram por isso em troca de suas liberdades.

O olhar do frango que está encaixotado, empilhado em um caminhão que passa na nossa frente quando estamos na estrada, rumo às férias. Perdemos um segundo, apenas, pensando nisso. Não há espaço para que ele nos dê um tchauzinho, talvez agradecendo pelo doce toque da morte que o aliviará e abreviará sua existência marcada pela ausência de mãe, confinamento, horários alterados para ditar o ritmo da engorda e opressão no dia a dia.

'Obrigado, Papai Noel ou menino Jesus, por me tirar de um aviário com outras milhares de aves. Obrigado pela ração e água que mantiveram este corpo vivo, pois ele vale pelo preço que alguém paga. Não tem o valor que minha mãe, animal como eu, instintivamente perceberia, e por isso me defenderia, em condições normais. Aqui sou um entre milhares, e não parece fazer muita diferença se eu morrer agora ou esperar o caminhão dos caixotes. Nasci de uma máquina de ovos, mas espero encontrar minha mãe, ciscando a meu lado, algum dia.

Obrigado, Deus humano, pela corrente que sempre existiu em torno do meu pescoço, que não me permite caminhar até o horizonte. Ou até o ponto onde há sombra, onde a água da chuva não está empoçada. Agradeço pelos dias que lembraram da minha existência, e sobras de comida chegaram até onde esta corrente permitiu alcançar. Obrigado, Papai Noel, por ter sido escolhido como animal de estimação por uma família de humanos.

Obrigado, espírito natalino, por eu ter puxado tanta carroça em meio à fumaça de óleo diesel, fraco, assustado e sedento, que enfim eu tombei no asfalto. A última surra que tomei do carroceiro, para que eu me levantasse, permitiu que enfim meu espírito pudesse cavalgar livre naquelas campos verdes onde quadrúpedes iguais a mim, porém belos e com longas crinas, correm sentindo o vento da natureza. Acho que o esforço que fiz diariamente para tirar meu condutor da miséria, ou pelo menos diminuir sua pobreza, foi menos do que eu poderia, entao eu aceito meu castigo.

Obrigado, família do presépio, por eu ter sido o escolhido para, ainda bebê, estar na mesa de tantas residências, para ter meu pequeno corpo saboreado em uma bonita bandeja, assado e servido à meia-noite. Ainda não entendi por que nasci e morri tão rápido, se fiz algo errado a ponto de não poder crescer um pouco mais em um lugar que, onde vi, havia outros como eu, alguns bem gordos. Mal lembro da minha mãe, mas lembro que ela não podia se virar, cercada em um gradeado enquanto mamávamos. Talvez tenha sido azar, talvez tenha sido sorte.

Obrigado, meu Deus, por eu poder ajudar tanta gente a usar um xampu que não irrite os olhos, uma maquiagem que não cause problemas, um produto qualquer a ser dado de presente neste Natal, que nunca vou saber direito, que atendeu os humanos em suas expectativas mais simples. Estive em um laboratório, cercado de pessoas de jaleco branco, durante tempo suficiente para saber que sou parte importante do progresso, que a Ciência evoluiu graças à minha dor, meu aprisionamento e tudo aquilo que os produtos geraram nos meus olhos e no meu corpo. Fico grato por ter ajudado.

Obrigado, Maria, mãe de todas as mães que, zelosas como eu, dão leite a seus filhos durante anos, mesmo após o fim de sua amamentação natural. Minha vida neste estábulo, com úberes gigantes e doloridos, plugados em uma máquina, é o sacrifício que faço para a saúde humana. Não percebi, ainda, em minha mentalidade abaixo da humana, porque o leite de meus filhos vai para os filhos de outra espécie, e até quando já são adultos. Meu filhote não está mais ao alcance de minha vista, foi retirado cedo de meu lado, mas sei que o papel dele, como vitelo, ocupa espaço de respeito junto aos humanos. É alvo de muitos comentários e elogios. Pelo menos é o que imagino, pois o sacrifício é doloroso o suficiente para, respeitosamente, ousar questionar o porquê de minha existência. Mas agradeço mesmo assim, Papai Noel.

Obrigado pelas palmas cada vez que apareço no picadeiro. O olhar das crianças me faz esquecer a minha vida de tédio e imobilidade, viajando de cidade a cidade. Quem sabe um dia eu e os demais animais cheguemos ao lugar de onde viemos, que deverá ter muitas árvores, rios e espaços para correr. Enquanto isso, eu repito as manobras noite após noite, mostro os mesmos truques que, pela minha teimosia, eu custei a decorar. Quem sabe neste Natal eu ganhe uma última viagem, de volta ao habitat que jamais conheci em vida.

Obrigado, Natal, por eu poder aquecer tanta gente elegante em momentos de frio. Nasci peludo tal como minha mãe, e como ela pude participar da indústria humana, essa coisa que traz tanto progresso, dando de bom grado minha própria pele para que maridos mostrem afeto à esposa, presenteando-as com belos casacos. Muita gente famosa e rica usa a pele que pode ter sido minha. Isso me enche de orgulho e faz valer o tempo que morei em uma gaiola pouco maior que meu próprio corpo. Já estava cansado de andar em círculos, lembrando dos bosques que um dia corri de cima a baixo. Mas um dia veio a dor que, por pior que tenha sido, me libertou finalmente. Ainda relutei alguns minutos, já sem pele, mas vi que a liberdade me abraçava e escurecia minhas vistas. Acho que valeu a pena, pois sou fotografado e até apareço na televisão, durante o inverno – pelo menos acredito que aquelas partes sejam minhas, cobrindo o corpo de pessoas tão bonitas e famosas. Obrigado aos responsáveis.

Obrigado a todos que vieram me assistir nesta arena. Ainda estou zonzo e ofuscado pela luz após dias de escuridão, mas já entendi que, aqui, eu sou a atração. Há um semelhante a mim, porém sem chifres e mais magro, e nele está montado um humano, com roupas garbosas e armas tão afiadas como as que já furaram tantos iguais a mim. Eu espero que tudo isto termine logo, pois o cansaço está vencendo a euforia, há tanto sangue que já não sei se é meu ou de alguém antes de mim, e está difícil fazer levantar a plateia tantas vezes. Que a morte venha me tocar com a mesma doçura da última vez que fui tocado pela minha mãe. Ela deve estar orgulhosa de um filho que resistiu até o fim, cercado de espadas, aplaudido, sangrando ajoelhado, língua de fora mas fazendo questão de participar do show até o fim. Acho que os aplausos são para mim, já que os olhares convergem para onde estou. E eu não sei onde estou.

Obrigado, menino Jesus, por ter nascido e feito seus iguais perceberem a necessidade de haver uma festa em seu nome, para redenção e paz, onde eu seria assado em espeto e saboreado por tantas pessoas felizes, sorridentes e em clima de fraternidade. Jamais imaginei que, sem saber falar, sem ter tido escolhas, seria eu o ponto central dos churrascos de de final de ano de tantas empresas, entidades, famílias e grupos a confraternizar. Aguardei este momento sempre em espaços com arame farpado, tal como a coroa que um dia finalmente lhe puseram na cabeça, e usei argola no nariz para que um filho seu, fiel e devoto, me conduzisse para o lugar certo. Apanhei da vida, mas quem não apanhou? Sempre soube que uma vida de aperto, confinamento, marcação a ferro quente, castração a frio e morte sobre o concreto teriam um sentido maior. Obrigado por dar um norte a minha vida. Hoje, eu sou uma estrela.

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Vanguarda Abolicionista realiza ação de Natal

Fotos: VAL
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Dentro do projeto Ame O Panfleteiro, a Vanguarda Abolicionista realizou ação alusiva às comemorações do Natal nesta terça-feira, 17 de dezembro. A maciça panfletagem ocorreu no bairro Jardim Botânico, com distribuição de 1500 exemplares do jornal 'O amor oculto de Jesus pelos animais'. Produzido em português pelo grupo aliado Universelles Lebben, da Alemanha, o material visa sensibilizar os seguidores da fé cristã contra a exploração e abate de animais para consumo. A atividade teve saldo positivo e permitiu que os ativistas levassem uma reflexão a transeuntes, estabelecimentos comerciais e moradores daquele bairro.


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domingo, 8 de dezembro de 2013

Porto Alegre: ativistas promoveram Dia Internacional dos Direitos Animais no Parcão

Porto Alegre: ativistas promoveram Dia Internacional dos Direitos Animais no Parcão

Fotos: Marcio de Almeida Bueno
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Mais do que celebrar uma data, o objetivo foi conscientizar

O domingo de sol garantiu um bom movimento no parque Moinhos de Vento, na capital gaúcha. O Parcão sediou uma tarde de atividades alusivas ao DIDA – Dia Internacional dos Direitos Animais, promovido por ONGs como Vanguarda Abolicionista, Gatos da Redenção, SarAu CulturAu, Marcha da Defesa Animal, Patas Dadas, protetores e ativistas independente. Banners e cartazes denunciavam a real condição dos animais não-humanos, e materiais de conscientização foram entregues aos transeuntes. Com sistema de som, diversas manifestações foram feitas ao microfone, visando explicar o porquê da data. O evento contou ainda com show de mágicas, música ao vivo e coleta de doação de ração para animais abandonados. Um vídeo da ação está no YouTube, e uma galeria de imagens está no Facebook.

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Manifestantes enfrentaram calor de 35 graus


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terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Parcão terá Dia Internacional dos Direitos Animais neste domingo

Parcão terá Dia Internacional dos Direitos Animais neste domingo

Movimento que vem crescendo nas últimas décadas, a luta pelos direitos animais tem uma data mundial: o DIDA - Dia Internacional dos Direitos Animais. Em Porto Alegre, a ação acontece neste domingo, 8 de dezembro, a partir das 15h30min. O parque Moinhos de Vento, no bairro de mesmo nome, receberá ativistas para uma tarde de informação e conscientização, para todas as idades. Haverá distribuição de impressos e DVDs, feira de adoção de cachorros, música ao vivo, falas ao microfone sobre temas como direitos animais e veganismo, show de mágicas, recebimento de ração para animais abandonados e muito mais.

A intenção é esclarecer ao público o que são direitos animais - termo muitas vezes distorcido - e quais os caminhos para quem deseja fazer escolhas diárias que não cause impacto sobre os não-humanos. Uma caminhada de integração está programada para o final do evento.

Serviço
O quê: DIDA - Dia Internacional dos Direitos Animais
Quando: 8 de dezembro, domingo, a partir das 15h30min
Onde: Próximo à passarela do Parcão, em Porto Alegre
Promoção: ativistas independentes, protetores e ONGs Marcha da Defesa Animal, Gatos da Redenção, Patas Dadas, SarAu CulturAu e Vanguarda Abolicionista.

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Marcio de Almeida Bueno (jornalista Mtb 9669)
Bureau de Informática, Assessoria e Conteúdo
51-91679607
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